7. Coroa e baliza

Foto d2 Festa  do Divino da década de 1950

Corte imperial da Festa do Divino da década de 1950. Acervo pessoal de Antonio Marques. Foto: Lívia Lima. (DOSSIÊ, 2010, p. 17)

Segundo o folclore religioso português, a Rainha Isabel (reinado de 1473 a 1504) em uma viagem sonhou em que Deus muito se alegraria se fosse construída uma igreja dedicada ao Espírito Santo no município de Alenquer. Chegando ao local da construção a Rainha já encontrou a planta desenhada no chão e os alicerces erguidos, o que seria um milagre. Ali se estabeleceu o culto ao Espírito Santo, que em sua festa, passou a ter representações do império português, como a coroação de um imperador do divino, a partir do gesto da rainha na primeira festa, que assim coroou um pobre como rei. Mantendo o ato da primeira festa, pediram para fazer uma cópia da coroa real, coroando sempre um membro do povo. Disseminada no Brasil no período da colonização, fazem parte da estrutura da festa: a folia, a coroação de um imperador e o Império do Divino.

A existência dessa coroação também pode simbolizar a relação estabelecida entre o poder religioso e poder no estado, trazendo essa figura de poder para a festa, além de possibilitar um momento de realeza ao povo, de forma a atenuar o peso da vassalagem real sobre a sociedade.

A baliza à frente delimita o cortejo do restante da festa e é carregada pelos vassalos do imperador, crianças escolhidas entre o povo. A festa é regada à fartura de alimentos e doação aos menos favorecidos, assim como acontecia na origem da festa, em Portugal no século XVI.

No Brasil coroa-se geralmente um menino, parente dos festeiros, ou organizadores da festa. Na celebração da missa, após o rito da Comunhão, o menino é chamado pelo Padre, ajoelha-se de costas para o povo, e os festeiros colocam sobre ele a capa, a sobrecapa, entregam-lhe o cetro, e ele é coroado. Depois ele vai exercer as funções imperiais, ir às procissões e falar com o povo.