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Cachaça

A cachaça, que rotula a obra, com autoria, título, ano e local da pintura, é um capítulo à parte. Vicente do Rego Monteiro, tinha um alambique e produzia cachaças artesanais, como é o caso da Caninha Cristal e a Gravatá, mencionadas por João Cabral de Melo Neto tanto em seu livro “Morte e Vida Severina” como em poesia dedicada a seu amigo Vicente.

“– Minha pobreza tal é
que pouco tenho o que dar:
dou da pitu que o pintor Monteiro
fabricava em Gravatá.”

João Cabral de Melo Neto. Morte e Vida Severina, 1955.

A VICENTE DO REGO MONTEIRO
Eu vi teus bichos
mansos e domésticos:
um motociclo
gato e cachorro.
Estudei contigo
um planador,
volante máquina,
incerta e frágil.
Bebi da aguardente
que fabricaste,
servida às vezes
numa leiteira.
Mas sobretudo
senti o susto
de tuas surpresas.
E é por isso
que quando a mim
alguém pergunta
tua profissão
não digo nunca
que és pintor
ou professor
(palavras pobres
que nada dizem
de tais surpresas);
respondo sempre:
— É inventor,
trabalha ao ar livre
de régua em punho,
janela aberta
sobre a manhã”

João Cabral de Melo Neto. A Vicente do Rego Monteiro, 1943.

Rótulo da caninha Cristal, produzida por Vicente do Rego Monteiro