Prato do serviço de Bernardo José Maria de Lorena, quinto Conde de Sarzedas, c. 1800, Companhia das Índias/China
Bernardo José Maria de Lorena e Silveira, 5º Conde de Sarzedas (Campo Grande, 20 de abril de 1756 — Rio de Janeiro, 1818), foi um destacado administrador colonial português. Durante sua carreira, exerceu importantes funções, como capitão-general das capitanias de São Paulo (1788–1797) e Minas Gerais (1797–1806), governador do Estado da Índia (1806–1816), conselheiro do Conselho Ultramarino, Grão-Cruz da Ordem de São Tiago e comendador da Ordem de Cristo.
Como governante, promoveu a integração entre o interior e o litoral, melhorando as vias de comunicação e transporte para facilitar o escoamento da produção até os portos. Ficou conhecido por concluir o processo dos inconfidentes mineiros (1798) — ato que lhe rendeu o título de Conde de Sarzedas — e pela construção da primeira estrada pavimentada da colônia, a "Calçada do Lorena", uma obra de engenharia avançada que ligava São Paulo a Santos.
Apesar de suas realizações, um episódio controverso marcou sua vida: Bernardo Lorena era supostamente filho bastardo de D. José I com a marquesa de Távora. Segundo rumores, a família Távora, indignada com a afronta, teria conspirado para assassinar o rei. A tentativa fracassou, mas os Távora foram acusados de lesa-majestade e executados de forma exemplar em Lisboa, em 1759. Há suspeitas de que o conde de Oeiras (futuro marquês de Pombal), interessado em consolidar seu poder, tenha articulado a queda da família.
Bernardo foi adotado por Nuno Gaspar de Lorena, governador de armas do Alentejo, de quem herdou o sobrenome. Durante o reinado de D. Maria I, a família Távora foi reabilitada, os juízes que a condenaram foram punidos, e Pombal caiu em desgraça, sendo exilado. A rainha, que seria sua meia-irmã, tomou Bernardo sob sua proteção, garantindo-lhe educação e cargos de destaque na administração colonial.