Pintor, ceramista, desenhista e ilustrador, Pennacchi formou-se na Academia Real de Pintura de Lucca, na Itália, em 1927 e veio para o Brasil em 1929. Integrou o Grupo Santa Helena e a Família Artística Paulista, grupos que reuniam lições da figuração acadêmica com os avanços das vanguardas modernistas.
Seguindo os princípios do movimento de “Retorno a Ordem”, que buscava a recuperação da figuração realista, ele dedicou-se ao estudo rigoroso do desenho e da composição. Introduziu em São Paulo a técnica de pintura de painéis em afresco, além de estudar a pintura em cerâmica.
1. A cena bíblica
Um dos temas muito abordados por Pennacchi é a pintura de motivos religiosos, que advém de sua ascendência italiana a inspiração na pintura italiana anterior ao Renascimento. Nessa obra, ele representa “A Fuga para o Egito”, que é uma das cenas do novo testamento mais retratadas na história da arte. A cena é descrita por Mateus, no capítulo 2, versículos do 13 ao 23. O Rei Herodes, sabendo, por meio dos Reis Magos, do nascimento de um novo rei, e temendo erroneamente as implicações para a sua coroa, ordena o massacre de todos os primogênitos com menos de dois anos. José é avisado em sonho por um anjo, que lhe diz para fugir e lhe ensina o caminho. Na cena usualmente representada aparece José a pé e Maria e o menino Jesus em cima de um burro.
2. Outra Fuga para o Egito
Pennacchi representou essa cena mais de uma vez. A obra do Acervo dos Palácios é muito similar à outra datada de 1930, porém adicionando mais contrastes tonais e apresentando São José, com uma vestimenta típica dos religiosos franciscanos.
3. Influências Italianas
Pennacchi absorveu influências dos artistas primitivos italianos dos séculos XIII e XIV, como Giotto, que tinham como características a humanização dos personagens, abandono das posturas frontais hieráticas e a inserção de paisagens ao fundo, criando um estilo tipicamente italiano em oposição ao estilo bizantino, em voga na época.
A composição de Pennacchi é muito parecida com a desses mestres italianos, trazendo uma paisagem árida, certa simplificação formal e paleta terrosa.
4. Retirantes, outras fugas
O homem do campo e suas atividades é um dos temas recorrentes da obra de Pennacchi. Nesta obra, Pennacchi aborda o tema religioso, porém pode ainda haver uma conexão entre esses temas. Ao representar a cena tradicional e muitas vezes repetida da Fuga para o Egito, ele inverte a direção. Enquanto todos os artistas representam as figuras caminhando da esquerda para a direita, Pennacchi as representa da direita para a esquerda. Seria uma inversão por encontrar-se do outro lado do globo? Ou ele estaria fazendo uma alusão à outras fugas?
