Loading...
Restauro

Parceria entre Acervo dos Palácios e IPEN restaura escultura de “São Jerônimo”

O governo do Estado de São Paulo, através de uma parceria entre o Acervo dos Palácios, departamento da Secretaria da Casa Civil e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN-CNEN executam com sucesso processo inovador de recuperação de uma escultura de “São Jerônimo”, em madeira, que estava em processo de deterioração.

O projeto que conta com diversas fases, como o diagnóstico do objeto, a consolidação polimérica, a análise evolutiva das etapas, o restauro e as análises finais, é muito importante para as Ciências do Patrimônio pois pela primeira vez tal tipo de ação foi efetuada com sucesso num objeto artístico-histórico no Brasil.

O processo iniciou-se com uma avaliação do objeto e da escolha pela melhor técnica para recuperá-lo, que levou muitos anos de pesquisa da restauradora-conservadora do Acervo dos Palácios, Adriana Pires. Pires é responsável pelo laboratório de restauro do Acervo dos Palácios há 21 anos e ficou conhecendo a técnica de consolidação polimérica durante um simpósio, e logo lembrou-se da escultura e da possibilidade que existiria de restaurá-la com esse procedimento.

Foto da restauradora Adriana Pires

A restauradora Adriana Pires durante o processo de restauro da escultura, no laboratório do Acervo dos Palácios.

Foto da Adriana Pires e da pesquisadora Maria José de Oliveira

A restauradora do Acervo dos Palácios, Adriana Pires e a pesquisadora Maria José de Oliveira durante avaliação da escultura.

Foto do Dr. Pablo Vasquez

Dr. Pablo Vasquez acompanha processo de tomografia da obra no Hospital Universitário da USP.

“A escultura “São Jerônimo”, em madeira policromada, chegou ao laboratório de restauração em estado grave de conservação. A peça apresentava muitas perdas de suporte por ataques intensos de insetos xilófagos, cupim e broca, e estava totalmente desestruturada pelas perdas significativas de material. Existiam lacunas enormes no interior da peça, o que dificultou nosso trabalho de restauração, já que não dispúnhamos de nada que pudesse alcançar e preencher tão profundamente as áreas atacadas. A consolidação polimérica com uso de radiação ionizante foi a técnica perfeita para esse processo de reestruturação do suporte. Foi a partir da consolidação no irradiador de Cobalto 60 que o processo de restauração da peça pôde ser concretizado.”, declarou Pires.

Para poder viabilizar o projeto, foi indispensável o apoio da equipe do IPEN, coordenada por Pablo Vasquez, que participou ativamente da pesquisa e possuía laboratório com equipamentos de ponta para a execução. "

Foto do detalhe da obra em raio-x

Detalhe da obra em raio-x, na qual podemos ver as lacunas que serão preenchidas pela resina. Executado pelo setor de radiografia do IPEN.

Foto do reator exclusivo para o processo de consolidação polimérica

Confecção do reator exclusivo para o processo de consolidação polimérica, realizado pelo técnico Vagner Fernandes, do IPEN.

Foto do São Jerônimo dentro do tomógrafo

São Jerônimo dentro do tomógrafo para realização de exame de imagem, no Museu de Zoologia da USP.

A consolidação polimérica é um processo que preenche perdas da escultura (“orifícios”) com uma resina que solidifica em contato com radiação gama. Para sua utilização num objeto histórico-artístico, os pesquisadores Dr. Pablo Vasquez e Dra. Maria José de Oliveira selecionaram uma resina específica, dentre diversas desenvolvidas, que se adequasse as especificidades necessárias para o procedimento e respeitassem as particularidades da escultura.

Colaboraram para a viabilização da ação o Departamento de Tomografia do Hospital Universitário da USP e o Museu de Zoologia da USP, que captaram imagens para as análises iniciais do procedimento e as imagens finais para a avaliação de resultados. Também foram feitas análises físico-químicas em parceria com o Laboratório Essencis Tecnologies, que possibilitarão estudos mais aprofundados sobre a composição técnica da obra.

Durante o processo de consolidação polimérica, a peça foi colocada num pequeno reator, criado sob medida para a escultura, capaz de criar um vácuo que força a entrada da resina nos espaços vazios no interior da obra, que fica submersa na substância, dentro da estrutura assim como a indução de uma pressão positiva. O processo leva aproximadamente 24 horas.

Na sequência, a escultura passou por processo de restauro no laboratório de restauração do Acervo dos Palácios, onde foram realizadas ações curativas como limpeza (após a realização dos testes de solvência), nivelamentos e reintegração pictórica. Todos os materiais usados na restauração da obra são reversíveis e específicos para esse tipo de ação.

Foto da Análise físico-química

Análise físico-química no laboratório Essencis Tecnologies

Foto do processo de higienização

Processo de higienização, realizado pela restauradora Adriana Pires no laboratório de restauro do Acervo dos Palácios.

Foto do artista José Cláudio Silva

Procedimento reintegração cromática realizada pela restauradora Adriana Pires, no laboratório de restauro do Acervo dos Palácios.

Confira o resultado do restauro da escultura de “São Jerônimo”

Foto do artista José Cláudio Silva

Escultura antes do tratamento e processo de restauro.

Foto do artista José Cláudio Silva

Escultura após o tratamento e processo de restauro.

“É gratificante ver o resultado bem-sucedido desse processo de restauro nesta escultura sacra. Acredito que após 10 anos de pesquisa em busca de um método para poder recuperar a obra estamos frente a uma grande conquista científica, que aplicou tecnologia de ponta numa área tão específica como o restauro, possibilitando que a escultura volte a ser exposta.”, declarou Pires.