“Minha pintura não poderia existir antes do cubismo, que me legou as noções de construção, luz e
formas. Minhas influências: O futurismo, o cubismo, a estampa japonesa, a arte negra, a escola de
Paris, nosso barroco, e sobretudo a arte do nosso ameríndio na ilha de Marajó."
Vicente do Rego Monteiro
In: “Vicente do Rego Monteiro – Pintor e Poeta”;
Gilberto Freire et alii; 5ª. Cor Editores; RJ, 1994[1].
A Vicente do Rego Monteiro
Eu vi teus bichos
mansos e domésticos:o
um motociclo
gato e cachorro.
Estudei contigo
um planador,
volante máquina,
incerta e frágil.
Bebi da aguardente
que fabricaste,
servida às vezes
numa leiteira.
Mas sobretudo
senti o susto
de tuas surpresas.
E é por isso
que quando a mim
alguém pergunta
tua profissão
não digo nunca
que és pintor
ou professor
(palavras pobres
que nada dizem
de tais surpresas);
respondo sempre:
— É inventor,
trabalha ao ar livre
de régua em punho,
janela aberta
sobre a manhã.
Publicado no livro
O engenheiro (1945).