Duas figuras, 1927. / Mulher nua, 1946.


Almada Negreiros (Trindade/São Tomé e Príncipe, 1893 – Lisboa/Portugal, 1970).
Duas figuras, 1927. Crayon sobre papel. 72,5 x 69,5 x 6 cm
Almada Negreiros (Trindade/São Tomé e Príncipe, 1893 – Lisboa/Portugal, 1970). Mulher nua, 1946. Crayon sobre papel. 65,8 x 57,5 cm
José Sobral de Almada Negreiros nasceu em São Tomé e Príncipe em 1983. Foi escritor e artista plástico e um dos fundadores da revista “Orfeu”, veículo de introdução do modernismo em Portugal. Foi considerado como um artista de posição central na primeira geração de modernistas portugueses, contribuindo para a criação, prestígio e triunfo do movimento no país.
Além da literatura e pintura a óleo, Almada desenvolveu ainda composições coreográficas para ballet. Essencialmente autodidata, ao longo de sua carreira, trabalhou também com tapeçaria, gravura, pintura de mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral. Foi considerado um pintor pensador. Suas obras, que inicialmente remetiam ao figurativismo convencional, passaram à abstração geométrica. Na obra “Duas figuras” um casal é representado em sobreposição, a mulher, que parece estar em primeiro plano, cabe integralmente na figura do homem, criando uma simbiose, como se ambos fossem uma só criatura, emaranhando a perspectiva e brincando com a geometria, em linguagem Art Déco, numa atmosfera atemporal.
Na obra “Mulher nua”, as proporções agigantadas da mulher que escreve ou desenha em uma escrivaninha criam uma atmosfera claustrofóbica. A mulher é que é grande demais para o lugar que ocupa, ou a sensação da mulher no século XX, ainda cerceada e fechada em certos ambientes, é a de encarceramento e censura? O olhar para a janela e sua criação no papel podem sugerir o desejo de estar fora, de ser livre.