Eiro. Pó e lascas de pau-brasil, cera de abelha, carvão e lona de algodão cru.

 Eiro. Pó e lascas de pau-brasil, cera de abelha, carvão e lona de algodão cru.
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Helô Sanvoy (Goiânia/GO - 1985). Eiro. Pó e lascas de pau-brasil, cera de abelha,
carvão e lona de algodão cru. Coleção do artista.

Helo Sanvoy é um artista que mora em São Paulo. Estudou Artes Visuais na Universidade Federal de Goiânia e formou-se mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Sua produção busca a experimentação e a junção de materiais diversos, como também o estudo de processos, linguagens e suportes.

A poética de Helo Sanvoy parte da pesquisa sobre os ciclos econômicos brasileiros, a começar pela extração do Pau-Brasil. Brasileiro era o nome dado ao trabalhador que retirava a madeira das matas. O sufixo EIRO/A em português denomina atividades de trabalho padeiro, borracheiro, cozinheira, costureira, entre outras. Ao construir uma pirâmide social que simultaneamente parece uma ampulheta, vislumbramos algo também sobre a passagem do tempo: desde a chegada dos primeiros colonizadores, somos trabalhadores pela própria natureza. Essa natureza que nos vem pelo primeiro trabalhador que extraia o Pau-Brasil, o brasileiro, é representada na obra pelo uso de lascas e do pigmento do pau-brasil na construção da palavra central.

A pirâmide pode ainda fazer referência à icônica obra “Operários” de Tarsila do Amaral, também pertencente ao Acervo dos Palácios, onde os rostos dos trabalhadores formam a estrutura piramidal da sociedade. A pirâmide na base da obra, reproduz a pirâmide social tal qual ela existe: em baixo, estão os trabalhadores menos remunerados, porém muito mais numerosos, dando sustentação à estrutura do restante da pirâmide. Porém, na parte de cima, a situação se inverte, e estes mesmos trabalhadores aparecem no topo, sobre os trabalhadores mais abastados.