Manabu Mabe (Kumamoto/Japão, 1924 – São Paulo/SP, 1997).
Fome, 1961. Óleo sobre tela. 251,7 x 201,7 x 4,50 cm

Nascido no Japão, Mabe tem na estética japonesa e em técnicas tradicionais como a caligrafia grande parte da inspiração de sua obra. Chegando ao Brasil com 10 anos, teve sua infância marcada pelo trabalho no campo, nas fazendas de café em Lins, interior de São Paulo. Inicia sua vida artística improvisando materiais, diluindo tintas em querosene, pintando em madeira e papelão apenas nos dias de chuva, quando não era possível trabalhar a terra. Ao decidir dedicar-se integralmente à arte, alerta sua esposa: “Ioshino, vamos passar fome, mas não quero fazer outra coisa”. Previsão que nunca se concretizou devido ao grande sucesso que alcançou em poucos anos.

Manabu Mabe participou dos grupos 15, Seibi e Guanabara, muitos dos quais tinham grande participação de artistas japoneses. Tendo iniciado sua carreira na figuração, adere à abstração lírica nos anos 1950. Seus gestos largos e vigorosos preenchem suas obras, quase sempre de grandes dimensões. A obra “Fome” é marcada por essa grande gestualidade e inspiração expressionista, formada por manchas quase monocromáticas que revelam o equilíbrio entre espontaneidade e método na composição.