Sérgio Milliet da Costa e Silva (São Paulo/SP, 1898-1966).
Paisagem de Campos do Jordão, 1935. Óleo sobre tela. 72 x 82,5 x 6 cm

“Céu de Campos do Jordão na hora fria do poente, nas tardes de junho em que passa de cerúleo a verde. [...] O sol destrói a cor. Em verdade, é a umidade que a apaga ao evaporar-se sob a ação do sol. Nos lugares excessivamente secos, a luminosidade se torna intensa, as cores se avivam, os contornos se tornam nítidos. É o que ocorre no Mediterrâneo.
É o que ocorre em Campos do Jordão.”
Sérgio Milliet

Sérgio Milliet foi artista, escritor e crítico de arte. Na Suíça, estudou Ciências Econômicas e publicou seus primeiros livros de poesia. Em Paris, na década de 1920, acompanhou o desenvolvimento das vanguardas modernas, escrevendo sobre o tema para revistas brasileiras, como na revista modernista Klaxon, da qual participaram grandes artistas e intelectuais da Semana de 1922, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti e Di Cavalcanti. Inclusive, durante a afamada semana, Milliet apresentou um poema, em francês, lido por um amigo. Sua carreira como crítico de arte foi de grande importância para a arte brasileira.

O artista teve igualmente forte atuação na área cultural: foi um dos idealizadores, junto com Mário de Andrade, do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo e um dos principais articuladores da formação do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Como pintor, não enveredou pela vanguarda cubista, mantendo-se em um figurativismo tradicional. Ao passar uma estada na cidade de Campos do Jordão para acompanhar o tratamento de seu filho, vítima da tuberculose, e em outras visitas à cidade, pintou paisagens locais, representando as bucólicas montanhas da região. Nesta tela que segue a estrutura clássica da paisagem - dividindo o quadro em três terços - a paleta rebaixada do céu contrasta com os verdes mais fortes que fazem referência a mata de araucárias, enquanto o marrom vivo da estrada em primeiro plano convida o observador a entrar na paisagem de Campos do Jordão.