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Arte Francesa no Acervo dos Palácios

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Arte Francesa no Acervo dos Palácios
Palácio do Horto, de 08 de agosto a 06 de dezembro de 2009

A cidade de São Paulo, no início do século XX, celebra a sua entrada na modernidade: a imagem de uma metrópole que cultua a arte e a beleza, orquestrada pela nova elite social enriquecida pela economia do café e pela indústria. Desenha-se uma cidade europeizada, precedida e incentivada pela vinda da família real ao Rio de Janeiro, no século XIX, que traz consigo os artistas da “missão francesa”.

Na virada do século, a produção cafeeira e a imigração transformam São Paulo em um importante centro urbano, cuja população passa de 64.934 habitantes, em 1890, para 851.838, em 1929.

Os interiores das casas seguiam o modelo da burguesia européia e, especialmente, a estética francesa. Assim, o mobiliário e a decoração nas residências paulistas, nas décadas seguintes, herdam influências e gosto essencialmente franceses. Já na primeira década de 1900, um dos palácios do Governo do Estado de São Paulo, o Palácio dos Campos Elíseos, adquire seu acervo de mobiliário e objetos artísticos em estilo predominantemente francês, inclusive a própria arquitetura, inspirada em um castelo da França.

Algumas das obras expostas no Palácio do Horto são provenientes do Palácio dos Campos Elíseos, tendo sido transferidas, nos anos 1960, para o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão. Das artes decorativas, podemos destacar peças de mobiliário em madeira com pátina dourada, produzidas nos séculos XIX e XX, em estilo de época, característico dos períodos da corte de Luis XV (1715-1774) e Luis XVI (1774-1792).

A variedade de tipos de móveis segue, no Brasil, em alguns casos, a mesma denominação francesa, como, por exemplo, os canapés, bureaus, consoles, bergers e outros. Inspirados pelos famosos ebanistas (marceneiros que trabalham especificamente com a madeira ébano) da corte francesa, esse mobiliário tem ornamentação em bronze e pinturas decorativas, frisos e trabalho de marchetaria (arte de decorar superfícies com pequenos pedaços de materiais diversos), que evidenciam formas curvilíneas típicas do Rococó ou, ainda, peças de gosto neoclássico, de formas retilíneas inspiradas na Antiguidade greco-romana.

Os objetos franceses, artísticos e utilitários, da coleção dos palácios, em sua maioria, são jogos de porcelana, biscuits (porcelana queimada sem aplicação de verniz), serviços de mesa, relógios e vasos decorativos em vidro, adornados com pinturas de flores, animais e cenas campestres, que têm sua origem nas fábricas e ateliês de Limoges, Sèvres, Paris e Nancy.

A coleção de pinturas compõe-se de obras produzidas por artistas franceses dos séculos XIX e primeiras décadas do XX e, ainda, artistas que estudaram e viveram em Paris, recebendo, assim, significativa influência da técnica e estética francesas.

Reunidas nos ambientes do Palácio do Horto, pinturas, móveis e objetos revelam a relação de familiaridade e a grande influência do gosto francês no cotidiano das casas brasileiras, no século XIX e na primeira metade do século XX.

Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo