Histórico de exposições permanentes, temporárias e itinerantes
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Arte nos Tempos do Café
Palácio dos Bandeirantes, de 03 de agosto a 20 de novembro de 2011
As importantes mudanças sociais e econômicas em São Paulo entre as últimas décadas do século XIX e os anos 1930 foram especialmente conduzidas pela euforia vivida pela economia do café, tendo como elementos pontuais o crescimento e a urbanização das cidades, que passam a disponibilizar melhores condições e conforto para a população, até então, de perfil colonial. As radicais transformações nos meios de comunicação – a chegada do telégrafo, do rádio e da imprensa – e de transporte – como o desenvolvimento da rede ferroviária e dos navios a vapor – proporcionaram novas formas de vida e o desejo de modernização. As linhas de trem ligavam as regiões produtoras ao porto de Santos e seus itinerários seguiam por áreas de fazendas de café, promovendo também a formação e o progresso de centros urbanos no interior paulista e mudando sua fisionomia predominantemente rural por meio dos cartões postais das cidades: as estações ferroviárias.
Os tempos do café em São Paulo – dos anos 1890 aos 1930 –, em uma perspectiva ampla, foram um divisor de pensamento da modernidade do panorama cultural das cidades paulistas. As influências artísticas da Academia Imperial de Belas Artes, segundo os modelos dos mestres da Missão Artística Francesa no Rio de Janeiro do século XIX, foram sendo sintetizadas, ao longo desse período, pela velocidade das transformações tecnológicas do crescimento social, econômico e urbano que mudou radicalmente o estado. Em um lado do jogo de forças para o tão sonhado progresso, estava a elite, que apresentava o universo do refinamento europeu, e, no outro, o grupo de intelectuais e artistas que ansiavam pelas mudanças inovadoras estéticas e de comportamento da sociedade.
Na década de 1920, o marco dessa conquista da modernidade configura-se nas artes: a Semana de Arte Moderna de 22, no Theatro Municipal de São Paulo, cuja repercussão e importância só foram sentidas mais recentemente. A comunhão de idéias renovadoras de artistas que desabrocharam no tempo de uma cidade nova que também florescia foi encabeçada por alguns dos participantes desta exposição, como Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Lasar Segall, Victor Brecheret e Oswaldo Goeldi.
É dentro dessa atmosfera de busca por uma arte moderna que “Arte nos Tempos do Café” apresenta uma seleção de imagens, móveis e objetos do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo e de outras instituições paulistas associadas a essa profícua época. Mesmo que algumas das peças não tenham sido produzidas no período, relacionam-se ao tema e aos artistas que conviveram com esse contexto.
O percurso propõe a reflexão de temas que pontuaram as relações entre artistas brasileiros e imigrantes, o contexto arquitetônico da cidade e a ascensão social e econômica da época, por meio de obras que acompanharam as mudanças estéticas das artes nesse período que transformou São Paulo, entre o final do século XIX e o início do XX.
Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo