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Colecionar: um modo de guardar o mundo – As coleções dos Palácios e o acervo etnográfico de Thereza Collor

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Colecionar: um modo de guardar o mundo – As coleções dos Palácios e o acervo etnográfico de Thereza Collor
Palácio Boa Vista, de 14 de maio a 27 de junho de 2010

Arcas, baús, cofres, contadores e barguenhos reunidos nesta exposição fazem parte da coleção de móveis de guarda que habitam os Palácios do Governo de São Paulo. Revelam o cotidiano de épocas remotas no Brasil e em outros países, evidenciando estéticas, tendências artísticas e costumes locais. As peças mais antigas datam do século XVII e eram usadas para guardar desde roupas e alimentos até dinheiro, jóias, papéis e documentos.

De fatura e estética mais rústica e rica policromia, alguns baús foram produzidos no período colonial, no Brasil, e outros contadores e barguenhos em madeira entalhada, com detalhes em metal, são de origens portuguesa e espanhola. Há, ainda, os pequenos baús de viagem, de proveniência oriental, cujas formas e detalhes com figuras e símbolos são bastante distintos das peças coloniais brasileiras.

Além do mobiliário artístico dos Palácios, uma coleção de artefatos corporais também participa desta mostra. Sugere ao visitante uma viagem ao Oriente, conduzida pela historiadora e colecionadora Thereza Collor, que reúne, ao longo de sua vida, um significativo acervo etnográfico de povos distantes, como da Arábia Saudita, norte da África, Vietnã, Turcomenistão, Afeganistão, Butão, Iêmen, Sultanato de Omã e, ainda, China e Índia.

Etimologicamente, a palavra “colecionar” significa “reunir objetos que tenham alguma relação entre si”. Sua origem também traz a idéia de colar, de guardar. Nas palavras da colecionadora: “Desde criança eu gostava de guardar. Fosse o que fosse trazia para dentro do meu universo, que, naquela época, resumia-se ao meu quarto. Das bonecas aos recortes de revistas, hábito que me acompanha até os dias de hoje, tudo era colecionado, com muito carinho, em caixinhas, gavetas dentro do armário ou na estante. Mas o que realmente despertava e prendia a minha atenção era o mundo, outros horizontes.”.

Parte da vida social, o mobiliário e os artefatos expressam os hábitos, os costumes e as diferenças do gosto de cada povo, e, até mesmo, aproximações das características de estilos entre os países, apesar das evidências de originalidade de cada um e de suas interpretações. Além dos valores estéticos, muitos deles revelam funções rituais e práticas religiosas, significados simbólicos e psicológicos, e trazem a reflexão sobre a dimensão do sagrado no artefato popular.

Assim, esta exposição propõe observar as formas, os padrões e as origens das coleções e as diferentes produções peculiares a cada grupo étnico, por meio de uma viagem multidisciplinar que envolve a sociologia, a antropologia e a história da arte, recolhendo a informação e a memória das sociedades que as produziram.

Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo