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Um torneio plástico – Modernistas e Vicente do Rego Monteiro

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Um torneio plástico* – Modernistas e Vicente do Rego Monteiro
Palácio Boa Vista, de 16 de abril a 26 de junho de 2011

Ao falarmos de Modernismo, devido à diversidade e amplitude de seu universo artístico – que inclui pintura, escultura, literatura, teatro, música, cinema, arquitetura e design –, não há consenso. Para alguns historiadores e críticos de arte, as manifestações que integram o movimento têm início no século XIX e se estendem até os anos 1960. Para outros, considera-se apenas o período que corresponde às três primeiras décadas do século XX.

O conceito representa, de um modo geral, uma ruptura com a estética tradicional e acadêmica, interpretando as formas da natureza de maneira diversa e subjetiva. Assim, os artistas do início do século XX afastaram-se dos padrões convencionais, impulsionados pelo progresso tecnológico e importantes mudanças políticas e sociais.

Nessa época, os jovens artistas brasileiros, em sua maioria, para conectar-se às tendências das vanguardas artísticas do momento – como Fauvismo, Dadaísmo, Surrealismo, Cubismo, Expressionismo, Primitivismo, Futurismo e Construtivismo –, desenvolviam seus estudos na Europa. Influenciada por essas correntes, a linguagem moderna desse grupo apresenta uma inovação de efeitos de cores e formas nas pinturas e esculturas, que adquirem autonomia e independência em relação ao mundo natural, subvertendo aparências.

Apesar de perspectivas distintas, a inquietude estética e a individualidade da busca intelectual, transpostas para a realidade dos artistas, marcaram uma fase de experimentalismo e de pesquisa, com pontos de vista críticos da sociedade brasileira, movimento que eclodiria na Semana de Arte Moderna de 1922.

Nesse período bastante conectado com a busca da identidade nacional e a valorização dos costumes e raízes étnicas, conviveram os artistas que participam desta exposição, entre eles, John Graz, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret, Antonio Gomide, Lasar Segall, Ismael Nery, Bruno Giorgi, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Ernesto de Fiori, Flávio de Carvalho, Aldo Bonadei, Paulo Rossi Osir e Fulvio Pennacchi.

Nesta mostra, além da apresentação dos artistas dessa geração, uma homenagem especial é feita a um dos modernistas que pontuaram a história da arte brasileira: o pernambucano Vicente do Rego Monteiro, de quem o Acervo Artístico-Cultural possui quatro telas. Essas peças nos revelam algumas das problemáticas conceituais abordadas pela corrente modernista, como a integração de culturas, o debate entre as vivências do ateliê europeu e a realidade dos temas brasileiros, a discussão entre o arcaico e o moderno, os materiais da terra, as temáticas religiosas e a figura feminina, reunindo obras geometrizadas e depuradas pelo Cubismo.

Hoje, à luz do olhar contemporâneo, “Um torneio plástico – Modernistas e Vicente do Rego Monteiro” é apresentada em reconhecimento à importância histórica e artística dessas obras que integram a significativa coleção de arte moderna brasileira dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, possibilitando a reflexão sobre as questões estéticas que permearam as manifestações dos artistas modernistas no Brasil do século XX.

Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo

*Expressão usada por Vicente do Rego Monteiro, referindo-se à integração de diferentes culturas e simbologias dentro do espaço pictórico (MONTEIRO, Vicente do Rego. Mobiliário da poesia, estilo e quadricromia: síntese da história da poesia através de seu mobiliário, da Paleolítica até os nossos dias. Renovação, 1941, p. 17).