Até parece uma história de ficção o relato do artista pernambucano, José Cláudio da Silva, ao contar os acontecimentos fantásticos que revelam rios que parecem mares tão largos que nem se vê as margens, densas matas que escondem segredos e tradições dos modos de vida das regiões ribeirinhas da Amazônia.
100 telas pintadas pelo artista durante 60 dias da expedição científica em 1975, coordenada pelo zoólogo e compositor brasileiro Paulo Vanzolini, que liderou, entre os anos 1960 e 1980 a expedição permanente da Amazônia (EPA), organizada no departamento de zoologia da Secretaria de Agricultura do Governo do Estado de São Paulo.
O testemunho de José Cláudio através de suas pinturas mapeia, não só os locais por onde passou, mas principalmente registra, com traços livres, as muitas espécies da biodiversidade da Amazônia e todo um universo de culturas locais valiosas.
Esta coleção fantástica de 100 óleos sobre tela integram o Acervo Artístico dos Palácios desde 1978. Reinterpretada em 2021, torna-se fundamental uma reflexão sobre temas como, a nossa relação com a natureza, e o olhar às desigualdades sociais, ao abandono e à devastação.
O mundo que o artista descreve ainda existe? Os vilarejos e comunidades ribeirinhas progrediram? As matas, os rios e todos os animais desenhados ainda vivem na Amazônia?
ANA CRISTINA CARVALHO
Curadora do Acervo Artístico Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo