Histórico de exposições permanentes, temporárias e itinerantes
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Campos do Lobato
Palácio Boa Vista, de 28 de agosto de 2009 a 21 de fevereiro de 2010
A intelectualidade nacionalista de Monteiro Lobato nutre-se da criatividade de um período bastante profícuo na cultura do início do século XX. Como os artistas modernistas, Lobato também traz reflexões sobre as raízes do Brasil rural e da cultura popular, movidas pelas suas memórias e vivências no vale do Paraíba. Seus dotes literários criaram personagens e um universo de caboclos, Jeca Tatus, sacis, cucas e tantas outras figuras que sobrevivem até hoje no reino encantado das memórias da criança que existe em cada um de nós.
Essa face do escritor é a mais conhecida, mas o artista Lobato é também o que procura revelar esta exposição no Palácio Boa Vista. A série de objetos e obras, que reúne produções próprias de aquarelas, desenhos e registros fotográficos do Vale do Paraíba e da Serra da Mantiqueira, permite associações com sua estadia em Campos do Jordão, nos anos 1930. Além de documentar o momento, é clara a preocupação estética na fotografia de Lobato, na qual se pode ver o diálogo entre luz e sombra e a busca do equilíbrio entre a natureza e o homem.
Assim, evidencia-se todo um universo de idéias e linguagens expressivas que o autor de tantas histórias criou ao longo de sua vida.
Sua paixão pelas artes o levou a movimentos de aproximação e afastamento com alguns dos artistas brasileiros, ainda que fosse uma relação de intenso debate e polêmica sobre as transformações artísticas do período, expressando corajosamente seus pontos de vista, que apontavam a defesa de uma arte mais figurativa e menos futurista.
Apesar disso, suas idéias renovadoras nas artes gráficas e a busca por nossas raízes autênticas revelam a sensibilidade de um olhar, ainda que conservador, em sua essência, moderno. Seus contos nacionalistas foram traduzidos e levados para fora do Brasil pelos próprios intelectuais modernistas, como Sérgio Milliet e Oswald de Andrade. Suas publicações e lançamentos pela “Revista do Brasil” e pelas editoras que fundou também foram ilustrados por artistas como Di Cavalcanti e Anita Malfatti.
“Campos do Lobato” traz, portanto, a oportunidade de conhecer faces do universo do escritor e de refletir sobre sua complexa relação com os modernistas brasileiros, muitos deles representados aqui por meio das obras do Acervo Artístico dos Palácios.
Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo