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Cusquenhos nas coleções de arte dos Palácios – Reflexões sobre o gosto nos anos

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Cusquenhos nas coleções de arte dos Palácios – Reflexões sobre o gosto nos anos
Palácio dos Bandeirantes, de 20 de agosto 04 de novembro de 2012

Ao longo das décadas de 1960 e 1970, uma característica era comum na noção de elegância nos ambientes das casas paulistas: a presença de quadros da escola de arte cusquenha, ao lado de móveis e objetos coloniais brasileiros.

Esse critério também foi adotado na escolha das pinturas e peças para decorar os Palácios do Governo do Estado de São Paulo no mesmo período. Desse modo, o Palácio dos Bandeirantes, inaugurado em 1965 como sede do Governo do Estado, e o Palácio Boa Vista, em Campos do Jordão, residência oficial de inverno do governador – aberto ao público com coleções de arte em 1970 –, acabaram por possuir em seu acervo não só raros exemplares de arte colonial brasileira, mas 66 pinturas da escola cusquenha, adquiridas então.

Para complementar a decoração dos ambientes dos Palácios – repletos de arcas, mesas, consoles, bancos, imagens sacras e objetos litúrgicos –, adquiriu-se essa quantidade relevante de pinturas cusquenhas, que os habitam até hoje, desconhecendo-se sua procedência e período e local de produção.

Consciente da necessidade de reflexão sobre as obras e seu contexto, a Curadoria do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios iniciou uma investigação com a ajuda do Consulado Geral do Peru em São Paulo, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e da historiadora Aracy Amaral para esclarecer as dúvidas sobre as datas aproximadas e os locais de produção das obras, uma vez que nem todas foram feitas no período colonial em Cusco ou nas regiões vizinhas, algumas delas tendo sido produzidas para o mercado de arte já nas décadas de 1930 a 1960 – logo, mais contemporâneas.

Trata-se, portanto, de uma pioneira tentativa de reclassificação da coleção, por meio de uma pesquisa multidisciplinar que vem utilizando diversos métodos, tais como visitas a coleções similares e entrevistas com especialistas em Lima (Peru) e com marchands e colecionadores no Brasil, além de estudos em bibliografia especializada e análise das obras com técnicas de reflectografia de infravermelho, fluorescência de ultravioleta e radiografia.

Ainda no decorrer desse trabalho, estamos apresentando a coleção ao público, mediante esta exposição, com a intenção de permitir ao visitante conhecer as causas e os fatos que marcaram a política de aquisições dessas peças e de valorizar a produção artística da escola cusquenha – destacando a criatividade local e suas características muito peculiares dos períodos em questão – e, essencialmente, a investigação das origens das obras.

Convidamos todos para esse exercício de reflexão sobre a importância do patrimônio público, que ultrapassa o universo dos Palácios paulistas por tratar-se da cultura colonial dos vice-reinados do Peru e do Prata e, portanto, patrimônio da humanidade.

Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo