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Olhar da Crítica – Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios

Histórico de exposições permanentes, temporárias e itinerantes

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Olhar da Crítica – Arte Premiada da ABCA e o Acervo Artístico dos Palácios
Palácio dos Bandeirantes, de 20 de agosto a 18 de outubro de 2009

A aquisição da coleção dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo, de cerca de 3.500 obras, foi iniciada no final dos anos de 1960, quando Luís Arrobas Martins, Secretário da Fazenda do Governo Abreu Sodré, cria o Grupo Executivo de Aproveitamento do Palácio de Campos do Jordão – GEAPAC, formado por críticos de arte e especialistas. O objetivo era auxiliá-lo na escolha das obras que valorizariam e se somariam às do Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo paulista de 1911 a 1964, assim formando uma nova coleção.

No Palácio Boa Vista, inaugurado em 1964, o acervo é formado basicamente a partir das aquisições realizadas na década de 1970. Nessa coleção, prevalece o diálogo estético entre as obras de arte, particularmente entre o espírito barroco dos móveis e objetos artísticos e a modernidade nas artes plásticas do século XX. Com o GEAPAC, foi formada a coleção que privilegiou a arte moderna brasileira na pintura, o Barroco na imaginária e no mobiliário artístico, estilos ecléticos na louçaria, prataria e objetos de adorno. A partir de então, novas aquisições foram feitas por meio de concursos e doações.

No Palácio dos Bandeirantes, sede do governo a partir de 1970, foi possível expor permanentemente a coleção da Galeria dos Governadores, com retratos dos estadistas pintados por Oscar Pereira da Silva, Paulo Vergueiro Lopes Leão, Sérgio Ferro, Carlos Servi e, em especial, Mario Gruber Correia. Na nova sede, é criado o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo (1985), que passa a dar continuidade à formação da coleção, com o Grupo Técnico de Preservação e Controle, cujo primeiro Catálogo Geral data de 1979, feito pelo marchand Renato Magalhães Gouvêa.

A partir dessa primeira catalogação, a então curadora desse acervo, Radha Abramo, que atuou de 1985 a 1998, convidou especialistas que inseriram as obras da coleção nos períodos a elas referentes, acompanhados por extensos verbetes analisando cada uma das obras em diversos segmentos. Aquele sobre “Modernismo”, segmento base atual da coleção, coube a Marta Rossetti Batista, cujos verbetes inserem as principais obras dos modernistas na história da arte brasileira, destacando-se a obra “A Ventania”, de Anita Malfatti (1915), “Operários”, de Tarsila do Amaral (1933), e a obra de Vicente do Rego Monteiro. A arte dos “Contemporâneos” ficou a cargo de Sônia Salzstein, analisando obras de Volpi, Guignard, Portinari, Tomie Ohtake e Wesley Duke Lee. A “Pintura” da passagem do século XIX para o XX, com destaques para Benedicto Calixto e Pedro Américo, foi elaborada por Ruth Sprung Tarasantchi. A “Imaginária” barroca ficou a cargo de Wolfgang Pfeiffer. O “Mobiliário”, cujos arcazes formam das mais completas coleções do país, foi escrito por Cleide Santos Costa Biancardi, a “Tapeçaria e Prataria” a cargo de Serafina Borges do Amaral. Por fim, a “Louçaria” por Eldino Brancante.

O Acervo foi enriquecido com obras contemporâneas graças ao concurso “Painel Bandeirantes”, realizado em 1989, cuja obra vencedora, “São Paulo – Brasil: criação, expansão e desenvolvimento” (1988), de Antonio Henrique Amaral, veio a substituir, no grande saguão do Palácio, a obra de Portinari, “Tiradentes” (1948). Naquela ocasião, nova plêiade de especialistas e críticos de arte foi chamada para a elaboração de novo catálogo, dentre eles, Fernando Lemos, Rodolfo Nanni, Maria Olímpia Dutzman e Heloisa Barbosa da Silva, Maria Stella Teixeira de Barros e Riveke P. Aronis. Por fim, em 2008, inicia-se um novo ciclo, com “Palácio Boa Vista: um palácio-museu e suas preciosidades”, fruto da pesquisa da atual curadora do Acervo.

Hoje, como instituição que preserva o bem patrimonial público, o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios promove o acesso do público a obras de fundamental importância para a história da arte brasileira, por meio de exposições de suas pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e objetos. É desta forma que se procura ampliar a produção de conhecimento artístico, oferecendo-se atividades de oficinas com artistas, visitas orientadas, seminários e palestras sobre os temas das exposições.

A ABCA rende sua homenagem a esses críticos de arte que primeiro lançaram seu olhar sobre tão importante coleção, ao mesmo tempo em que traz, nesta exposição, novos olhares à coleção que, a partir de 2007, vem sendo apresentada ao público, organizada em exposições de arte sob diferentes recortes, política essa que beneficia artistas e crítica, mas, acima de tudo, que se volta para um público que agora pode participar dessas belezas cada vez mais. Todas essas exposições têm contado com o exercício da leitura crítica do Acervo por parte dos membros da ABCA, ação essa culminada aqui, com essa homenagem aos 60 anos que completa a associação.

Ana Cristina Carvalho e Percival Tirapeli
Curadores da exposição