Água, Epifania da criação
Produzidas entre 1994 e 2011, estas 20 obras apresentam uma qualidade única, que permite criar lugares e espaços pictóricos rarefeitos, de subjetivação da paisagem, por meio de uma técnica desenvolvida pelo artista Valdir Cruz e seu parceiro em Nova York, Leonard Bergson, com sete pigmentos artesanais sobre papel (quatro cinzas, dois pretos e uma simulação de selênio).
Não parecem, à primeira vista, imagens reais. A impressão de desdobramentos da paisagem no instante e na superfície nos leva para fora da fotografia, percebendo a força e o volume da água pelo reflexo do mundo visível.
Nesse sentido, esta série tem características semelhantes à pintura impressionista, criando mutações na paisagem e formas transparentes. Muitos dos pintores impressionistas, no final do século XIX – um momento muito especial na História da Arte –, dedicaram-se às paisagens ao ar livre. Seus efeitos de luz e reflexos da água instigam e estimulam nossos sentidos, sugerindo novas possibilidades de ver a paisagem.
O contato com a obra de Valdir Cruz – as dimensões, os contornos e as luzes, além dos sentidos subjetivo e estético –, evoca a experiência cotidiana da vida, ou seja, uma compreensão da arte comprometida com a nossa responsabilidade de não deixar desaparecer esse patrimônio ambiental e fonte de vida, a Água.
Ana Cristina Carvalho
Curadora do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo